segunda-feira, 1 de agosto de 2016

 Consumidores de embalagens e agrotóxicos
Jeremias Macário

As cartilhas de bem estar dos programas televisivos e dos organismos de saúde recomendam e ensinam ar puro e alimentos saudáveis para longa vida. Com tanta poluição de gases venenosos no ar e aplicação indiscriminada e proibida de agrotóxicos nas lavouras, caso específico do Brasil, será mesmo que existem estes produtos limpos, ou tudo não passa de mais uma tremenda enganação para nos sentirmos mais felizes?

  Dia desses estava lendo uma entrevista do criador da macrobiótica no Brasil, Tomio Kikuchi, e ele dizia que tudo é feito para estimular a imaginação e aumentar o desejo. As embalagens são atraentes e os produtos bonitos. Então conclui, comigo mesmo, que não passamos de consumidores de embalagens, de plásticos agressivos e agrotóxicos.

  Tomio reforçava ainda que tudo é feito apenas com o interesse de vender, de lucrar, e detonava de vez a ideia do equilíbrio saudável quando lançou seu olhar acusatório de que as prateleiras dos supermercados estão cheias de veneno. As belas imagens dos enlatados são elaboradas para camuflar os conservantes lá dentro e conquistar paladares.

  Como o ar puro que nos iludimos ter quando caminhamos numa avenida cercada de árvores ou numa orla marítima, assim são os rótulos de light e diet. Podem não conter glúten e outros itens alérgicos à saúde do indivíduo, mas as caveirinhas dos conservantes estão lá invisíveis aos olhos que leem aquelas letrinhas miúdas dos rótulos. Bem que elas poderiam ser expostas visivelmente como fazem nos cigarros!

  O veneno não está somente nas prateleiras dos supermercados, senhor Tomio! Está também nas granjas e nos abatedouros clandestinos de aves e animais que a vigilância sanitária faz de conta que fiscaliza, com o tal limite de tolerância e vistas grossas.


   Está nos restaurantes que não mostram suas cozinhas para os clientes, senão ficariam vazios. Está nos propenos e polipropilenos que consumimos no dia a dia. Está também nos carros e barraquinhas atraentes de comidas de ruas e praças “cercadas de verde”.

  Então, os alimentos saudáveis são as frutas, as verduras, as folhas, os cereais e os hortigranjeiros vindos diretamente do campo, “fresquinhos” nas bancas das feiras como dizem por aí? Engano, meu caro consumidor! Eles também estão impregnados de defensivos agrícolas contras as pragas, os chamados agrotóxicos usados nas lavouras, muitos dos quais proibidos nos países europeus e nos Estados Unidos.

  O tomate vermelhinho, a batata, a cenoura, o pimentão, o repolho, o couve, a manga, a laranja, o morango adocicado, o café, todos viçosos e bonitinhos, são ordinários por dentro porque não temos uma política séria de controle na utilização dessas substâncias cancerígenas venenosas, desde o período de maturação dos frutos ao seu colhimento.

  Não são apenas os consumidores que estão expostos ao envenenamento de seus organismos, mas também os trabalhadores e pequenos agricultores que aplicam esses produtos exageradamente em suas lavouras, criando grandes impactos negativos ao meio ambiente e ao subsolo.

  Temos aqui mesmo o exemplo mais próximo com as plantações de café, inclusive em Barra do Choça onde estão localizadas as barragens de abastecimento de água para a população de Vitória da Conquista. Vez por outra a mídia toca no assunto, mas logo depois tudo cai no esquecimento.

  Ah, alguém aí pode arguir que existem os produtos orgânicos, isentos de agrotóxicos! Além de ser pequena quantidade com preços mais altos e, por isso, com reduzido número de consumidores que têm acesso, muitos oportunistas (não faltam no Brasil) trapaceiam e vendem alimentos que receberam defensivos como se fossem orgânicos. Nem é preciso dizer que a fiscalização é quase inexistente abrindo brechas para a falsificação.

  Existem ainda os produtos transgênicos, como a soja e o milho, principalmente, que sofreram mutação genética das multinacionais. É outra grande polêmica travada entre grandes empresas, ambientalistas e cientistas. Uns defendem que os transgênicos são inofensivos à saúde e outros condenam. O certo é que a questão não ficou totalmente esclarecida.

  Por tudo isso, não “como” esta de ar puro e alimentos saudáveis. Podem até existir os menos inofensivos, mas não totalmente saudáveis como apregoam os vendedores de ilusões e modismos. Essa história ficou no passado muito distante, bem antes da revolução industrial.

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