Senadores dizem que carta de Dilma não fará
diferença: 'Chegou muito tarde
Foto: Lula Marques / Agência PT
A carta que a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) escreveu para senadores, em sua defesa no processo de impeachment, não deve ter qualquer impacto entre os parlamentares. A avaliação feita por aliados e opositores é que o documento chegam fora de hora e não deve sensibilizar indecisos, ou até mesmo senadores que já votaram favoravelmente à presidente. O senador Otto Alencar (PSD-BA) sinalizou que pode mudar de posição e especulou a cassação de Dilma com 60 votos. "A repercussão no plenário foi zero. É extemporânea e muita coisa poderia ter sido evitada se lá atrás ela tivesse assumido seus erros. Tem uma frase do imperador Júlio César que diz: quando o sofrimento atinge o auge, renuncie. Mas cada um tem seu limiar de sofrimento. Eu não aguentaria 10%. Eu passei um ano e tanto pedindo a Dilma sobre meu projeto da revitalização do São Francisco e nada. O gesto do presidente Temer acatando meu projeto mexeu comigo", admitiu o senador baiano. Seu voto já é considerado pelo Planalto como favorável ao impeachment. Ao Globo, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou a defesa de um plebiscito para decidir sobre a antecipação das eleições gerais - um dos pontos da carta de Dilma. O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) não gostou da carta, dizendo que recebeu "uma cópia de uma mensagem da presidente da República ao Senado e ao povo brasileiro". "Na forma, Dilma já começou errando. Se ela queria tocar o senador, deveria mandar-lhes a carta com um cartãozinho pessoal. Em segundo lugar, chegou muito tarde. Ela teve meses para fazer isso. Por fim, o mais grave, ela não apresentou nada de concreto de como, em sua volta, levaria o Brasil a sair da crise que ela nos deixou", justificou. Apesar das avaliações, o líder do PT, Humberto Costa (PT-PE), disse não ter esperança de fazer o convencimento dos senadores até o dia da votação. "Não há um crime de responsabilidade e, como tal, esse processo está se transformando num processo contra a democracia brasileira", argumentou, defendendo a realização de um plebiscito.
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