OUTRO LADO FRUSTRANTE DAS OLIMPÍADAS
Jeremias Macário
estrangeiro não conhece o Brasil real,principalmente depois que as forças armadas saírem do Rio e os bandidos voltarem aos seus postos de violência, tráfico e assassinatos. Os nossos atletas, com raras exceções, não contam com o devido apoio do Estado em termos de formação física, técnica e psicológica, dai os vexames comportamentais dentro das linhas de combate. Fiquei horrorizado com a atitude de um judoca que ao perder se negou a cumprimentar seu adversário, respondendo com gestos agressivos.
No polo aquático vi também a imagem de uma menina socando a cabeça de uma italiana durante uma partida. No futebol, o capitão Neymar mais parece um menino birrento que se irrita com o outro porque o cara tomou o seu brinquedo e melou sua jogada individual. É bom que se diga que nesta fase os jogadores brasileiros só são cordiais quando vencem. No caso do futebol, a torcida descarrega toda sua fúria nos jogadores,mas, por motivo emocional e irracional, não vê o outro lado da face e da moeda podre que são os dirigentes, que sem moral, comandam instituições esportivas importantes. Essa situação se arrasta há anos. No COB existe uma ditadura derrotada. Junte-se a tudo isso à crise política, econômica e ética que o país atravessa e ai vamos chegar à conclusão de que o Brasil não dispõe de condições estruturais para sediar um evento internacional desta magnitude.Não vou nem tratar aqui das questões da educação, da saúde e da segurança. Além do mais, o preparo dos atletas está abaixo da média em comparação com as principais potências dos esportes. Nas diversas modalidades olímpicas, que contam com apoio precário do Estado, o que observamos em relação aos países desenvolvidos e até em desenvolvimento é uma enorme diferença social e econômica. É só comparar a judoca Rafaela Silva com o norte-americano Michael Phelps,recordista de medalhas na natação. São milhas e mais milhas de distância em tudo. Nem precisa falar muita coisa. Até quando vamos continuar achando que um quinto, sexto, sétimo ou oitavo lugar numa natação, numa ginástica ou em outra modalidade é fantástico na voz do Galvão Bueno, alegando apenas que os meninos ou as meninas são novos? Será que em quatro anos estamos evoluídos no mesmo nível dos outros, ou iremos permanecer nos mesmos lugares e até em posições inferiores? A grande maioria dos atletas de outras nações quando vai a uma olimpíada não é para curtir e passear, mas encarar uma competição de trabalho. Não basta só participar e competir. O mais importante é ganhar uma das três medalhas. Sinceramente, vejo nos rostos de muitos dos nossos atletas mais um semblante de festa do que vontade expressa, disciplina e determinação para vencer. Não é propriamente culpa deles como já me referi aqui. As
pingadas medalhas são mais resultado do talento e do esforço individual de alguns do que de um programa de incentivo governamental ao esporte Justamente, por falta de treinamento contínuo e apoio econômico, social e psicológico por parte dos governantes, eles terminam, como se diz n jargão “amarelando” na hora do vamos ver quem é o melhor. Isso é sintomático. O resto é festa da mídia globista que não mostra o outro lado e faz estardalhaço e sensacionalismo com a vitória dos outros, como no caso específico do Phelps. Muitos vivem em estado de pobreza com suas famílias, passando necessidade porque os governantes não investem e não dão o devido valorao esporte e à cultura. Enquanto isso, do alto do seu poder vitalício, o COB impõe sua ditadura e ninguém pode criticar senão será eliminado da competição O que vemos são atletas mendigando ajuda para deslocamentos, abrigo e alimentação. Sem opção de medalhistas, os torcedores brasileiros fazem barulho,algazarra, vaiam e aplaudem outros países. Para o mundo lá fora passam uma imagem de falta de etiqueta e educação. Na verdade, a nossa torcida é mera expectadora das vitórias dos outros. “Há esportes - os nossos incultos torcedores desconhecem - que o silenciosa plateia é obrigatório: o tênis, o tiro, o hipismo, o levantamento de peso,o golfe, saltos de trampolim e o sinal de largada no atletismo (provas de pista) e na natação”- colaboração do nosso companheiro e camarada jornalista Carlos Gonzalez. Bem que no fundo todos queriam mesmo era ter seus representantes nacionais no pódio para compartilhar com eles o orgulho das vitórias e do desempenho aguerrido de suas equipes. É uma frustração total! O brasileiro é cheio de esperança, mas vazio em termos de indignação. A saída é extravasar o quanto pode e aplaudir ou vaiar os heróis de fora.
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