quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Moro se irrita por ser chamado de 'justiceiro messiânico' em artigo publicado em jornal
Foto: Gil Ferreira/ Divulgação
O juiz Sérgio Moro, responsável pelo julgamento da Operação Lava Jato em primeira instância, não gostou de ter sido criticado pelo físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, em um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo na terça-feira (11). Nesta quarta-feira (12), o juiz enviou uma carta de repúdio e protesto ao jornal por ter sido classificado como justiceiro messiânico pelo articulista. No texto de repúdio, Moro afirmou que o artigo é um chamado a agressão e questionou a presença do físico no Conselho Editorial da Folha. “Lamentável que um respeitado jornal como a Folha conceda espaço para a publicação de artigo como o ‘Desvendando Moro’, e mais ainda surpreendente que o autor do artigo seja membro do Conselho Editorial da publicação. Sem qualquer base empírica, o autor desfila estereótipos e rancor contra os trabalhos judiciais na assim denominada operação 'lava jato', realizando equiparações inapropriadas com fanático religioso e chegando a sugerir atos de violência contra o ora magistrado. A essa altura, salvo por cegueira ideológica, parece claro que o objeto dos processos em curso consiste em crimes de corrupção e não de opinião. Embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista, a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas, ainda mais por jornais com a tradição e a história da Folha”, escreveu Moro. No artigo, o físico afirma que a “história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como juiz Sergio Moro e seus sequazes da Promotoria Pública”. Cerqueira Leite afirma que Moro “seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida”, que o juiz é revestido do “sentimento aristocrático”, de ser superior ao resto da humanidade e que sofre da “síndrome do escolhido”. “Essa convicção tem como consequência inexorável o postulado de que o plebeu que chega a status sociais elevados é um usurpador. Lula é um usurpador e, portanto, precisa ser caçado. O PT no poder está usurpando o legítimo poder da aristocracia, ou melhor, do PSDB”, pontua. “A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT”, assinala no artigo. Ao fim do texto, o físico manda Moro ter cuidado, pois o “destino dos moralistas fanáticos é a fogueira”. Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes. Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira, seja ela legitimamente aristocrática ou não", finaliza o artigo. Além da resposta de Moro, o jornal publicou repúdio de leitores ao artigo.

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