sábado, 30 de julho de 2016

Desinformado
Nando da Costa Lima

Nando– E aí compadre, como foi o carnaval na praia?
– Porto é um paraíso, mas eu só fiz me dar mal.
– Por que, engasgou com um caranguejo?
– Pior, parecia até que era ”coisa feita”, tudo dava errado.
– Como assim???
– Eu já desci do ônibus caindo, tava tão bêbado que quando vi aquela abadá vermelho na minha frente, imaginei logo: deve ser um bebum fantasiado de “diaba”, como carnaval é festa de deboche fui logo passando a mão nos peitos do pinguço e dando uma “roçada” no traseiro, tava a fim de fazer graça para o pessoal do ônibus. Só vim saber que tinha agredido a sogra do prefeito na delegacia depois da segunda dúzia de bolos. Fiquei sentido, “cê” sabe que sou um homem respeitador.
– Mas você não perdeu os quatro dias só por isso???
– Não, só fiquei preso um dia por atentado ao pudor, mas antes tivesse ficado mais.
– Ué, por quê???
– É que quando eu saí, em vez de ir procurar os amigos, resolvi comemorar só, tomei tanto rabo-de-galo que acabei me misturando com uns playboys, tinha três cabeludos e uma moça muito bonita, branca que parecia leite, devia ser paulista. Um dos cabeludos deu um espelho pra ela segurar e derramou um negócio em cima, olhou pra mim e disse – “Dá uma cheirada na branca”. Eu não vacilei, gru¬dei a paulistona por trás e dei um chupão no “pé do cangote” que quase arranca o tampo. Os caras acharam ruim e me deram uma surra que eu não sei como cheguei na barraca de Mocofaia. Você vê como são as coisas, o sujeito lhe oferece a mulher para dar um cheiro, na hora que você dá, ele junta com mais dois e lhe enche de porrada. Tem cada tipo de tara.

– Compadre, depois dessa eu sei que você não teve pique pra ir atrás do trio, mas deve ter dado uma esticadinha na praia, água do mar cura qualquer urucubaca!
– Cura, mas o sujeito depois de um ano de trabalho chegar num lugar pra passar quatro dias longe de aporrinhação, num dia apanhar por tentar ser comemorar só, tomei tanto rabo-de-galo que acabei me misturando com uns playboys, tinha três cabeludos e uma moça muito bonita, branca que parecia leite, devia ser paulista. Um dos cabeludos deu um espelho pra ela segurar e derramou um negócio em cima, olhou pra mim e disse – “Dá uma cheirada na branca”. Eu não vacilei, gru¬dei a paulistona por trás e dei um chupão no “pé do cangote” que quase arranca o tampo. Os caras acharam ruim e me deram uma surra que eu não sei como cheguei na barraca de Mocofaia. Você vê como são as coisas, o sujeito lhe oferece a mulher para dar um cheiro, na hora que você dá, ele junta com mais dois e lhe enche de porrada. Tem cada tipo de tara.
– Compadre, depois dessa eu sei que você não teve pique pra ir atrás do trio, mas deve ter dado uma esticadinha na praia, água do mar cura qualquer urucubaca!
– Cura, mas o sujeito depois de um ano de trabalho chegar num lugar pra passar quatro dias longe de aporrinhação, num dia apanhar por tentar ser engraçado, no outro tomar uma surra por beijar a mu¬lher de um safado. Do jeito que eu estava só um pai de santo pra re¬solver.
– E foi o que o compadre fez, procurou um pai de santo dos bons?
– Foi,peguei a Jatobalsa e me piquei! Tava tão feio que nem me cobraram, só que tornei a me dar mal. O pai de santo era um japonês radicado no Arraial D’Ajuda, disse que eu estava carregado e ca¬rente de um tratamento especial. O sacana me deu tanto golpe de Karatê e Judô pra tirar os “quebrantos” que minha “ispinhéla” quase deu um nó. O cabloco que ele recebia devia ser lutador! Fui parar no hospital todo quebrado e desmaiado, só depois de acordado é que fui sentir que todos meus pertences de valor tinham ficado no terreiro, pai Taykura não considerou nem meu dente de ouro.
– É compadre, esse carnaval pra você foi dose, ainda bem que é um homem forte e se recupera logo. Ano que vem eu tenho certeza que você estará lá novamente cheio de saúde. E dessa vez vai pra descansar, tô certo???
– Tá doido compadre? Você está me achando com cara de otário pra descansar em pleno carnaval, tá esquecendo que sou malandro velho. O próximo carnaval eu vou é pra Salvador, lá tem o Senhor do Bonfin pra me proteger e me dar força! É só amarrar uma fitinha branca no bra¬ço e arrepiar atrás do trio.
– Tem razão compadre, só ELE vai poder fazer alguma coisa por você…

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