Mulher que vende churros por R$ 1 há sete anos
conclui faculdade em Direito
Foto: Raquel Morais / G1
Há sete anos vendendo churros a R$ 1, Maria Odete Silva, de 46 anos, concluiu nesta terça-feira (13) a faculdade de Direito. A moradora de Brasília trabalha 12 horas por dia na rodoviária da cidade para garantir o dinheiro, que também banca a escola dos dois filhos adolescentes e mantém a casa da família. Depois de passar por imprevistos ao longo do curso por causa de dificuldades financeiras, Maria Odete diz que pretende chegar ao Ministério Público. "Ainda tenho o sonho de conquistar a OAB e ir para promotoria. Assim que Deus permitir, [vou] estudar mais três anos e chegar à tão sonhada promotoria", disse ela ao G1. A bacharela em Direito contou à publicação que o início do curso não foi fácil, com momentos em que ela chegava na faculdade apenas para assinar a chamada e então seguia para a rodoviária para vender os churros. Algumas vezes os funcionários da loja de calçados do seu irmão precisaram socorrê-la enquanto ela corria para fazer provas. Os estudos eram feitos atrás do carrinho, com livros todos pegos na biblioteca. "Tive medo de não conseguir. Entre o sétimo e o oitavo semestre, eu quase desisti. Eu achava que não dava conta, porque as matérias estavam cada vez mais difíceis e eu pensava 'eu não vou dar conta, não vou dar conta'. Teve um semestre que fiquei todinho sem pagar, que tive dificuldade financeira", relatou, lembrando do apoio que teve de uma professora. "Ela dizia que seria uma honra entregarminha carteirinha da OAB e que ainda iríamos advogar juntas. Isso me incentivou ainda mais", acrescentou. Maria Odete contou também que sempre teve o apoio dos colegas e da família, exceto uma vez em que o esposo questionou a necessidade do estudo em uma discussão. "Mas nunca fui por ele, sempre quis crer que eu era capaz. Não sei se ele achava que eu não tinha capacidade ou que era fogo de palha. Mas eu sei para quê eu faço. Eu sei, quero provar não só para ele mas para mim mesma que sou capaz", explicou.
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