"Lula é comandante máximo do esquema
investigado na Lava Jato", diz procurador
Do UOL, em São Paulo 14/09/201616h22
De acordo com os procuradores que atuam na Operação Lava Jato, Lula teria comandado o esquema de corrupção na Petrobras e atuado, com a empreiteira OAS, no desvio de ao menos R$ 87,6 milhões da estatal.
A Lava Jato denunciou formalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a ex-primeira dama Marisa Letícia; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS; Fabio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos; e os funcionários da OAS Roberto Moreira Ferreira e Paulo Roberto Valente Gordilho.
O ex-presidente teria recebido, em lavagem de dinheiro, R$ 3,8 milhões. O MPF pede o confisco de valores de ao todo R$ 87 milhões dos denunciados. Dallagnol evitou dizer se pediu ou não a prisão de Lula.
Os valores supostamente recebidos pelo ex-presidente estão bem abaixo do total de movimentação da corrupção pela Lava Jato. Estima-se que esse mega esquema tenha movimentado R$ 6,2 bilhões somente em corrupção, mas o prejuízo total, considerando os serviços e os benefícios às empreiteiras, entre outros, chega a R$ 42 bilhões. O principal propósito desse esquema seria gerar três benefícios para o ex-presidente: manter a governabilidade, perpetuação no poder e enriquecimento ilícito.
Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O procurador da República, Deltan Dallagnol, durante coletiva sobre a denúncia contra Lula
Segundo Dallagnol, coordenador da Força Tarefa do MPF na Operação Lava Jato, o apartamento em Guarujá foi reformado pela construtora OAS com dinheiro que teria sido desviado da Petrobras e, diz o procurador, as investigações apontam que Lula seria o verdadeiro dono do imóvel.
Ao iniciar a apresentação à imprensa sobre a denúncia, o procurador disse que "corrupção não é problema de um partido A ou de um partido B". "A corrupção é sistêmica, acontece em diversos níveis do governo federal, dos governos estaduais e municipais."
O procurador disse também que o MPF não está julgando como foram os mandatos de Lula na Presidência nem a trajetória política do petista. Afirmou também que não estava julgando o PT.
Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo
Esquema apresentado pelo Ministério Público Federal explicando a influência do ex-presidente Lula
Ao exibir a reprodução gráfica do que chamou de "propinocracia", o procurador disse: "No ápice dessa pirâmide está o núcleo político, e no centro desse núcleo político está o Lula." "O esquema era partidário e era gerenciado principalmente pelo Partido dos Trabalhadores."
Além da Petrobras, a "propinocracia" envolveria ainda outras empresas ou autarquias como Eletrobras e CEF (Caixa Econômica Federal).
"E Lula estava no topo do poder", disse o procurador, alegando que o ex-presidente era o principal articulador político e decidia as nomeações em todos os escalões, de ministros a diretores da Petrobras, como Paulo Roberto Costa e Renato Duque. Com essas nomeações, o ex-presidente teria beneficiado tanto o PT quanto o PMDB.
Dallagnol comparou o esquema denunciado com o mensalão, afirmando que seus objetivos seriam semelhantes: garantir governabilidade, perpetuação no poder e encontrar meios para enriquecer ilicitamente. Os procuradores disseram ainda que o mensalão seria uma das peças que fundamentam a denúncia e que o ex-presidente, mesmo sabendo do esquema denunciado à época, não fez nada para frear a corrupção.
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